sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Repetir




Quantas e quantas coisas se repetem
A repetição é o ciclo do mesmo
Daquela moda fora de época
Daquele beijo futurístico no século XVIII

Reis saem dos tronos e presidentes assumem o poder
O motor do carro gira em sua RPM repetindo o movimento das rotas
Quanta repetição!
Quantas maldições e milagres ocorrem em segundos repetidos

Quantos anos passam e natais e anos novos se repetem
As tradições materializam as repetições
E o “NEO” finge inovar o que é velho
Neo liberalismo, Neo romantismo, Neo sadomasoquismo e etc de Neo’s

A chuva se repete e a terra gira em torno do sol a bilhões de anos
Os amores se repetem desde da Grécia até Hollywood
O vento carrega areias repetidas como figurinhas de futebol
No giro do meu drive de DVD vejo repeti musicas de um antigo Vinil

Ditadores caem e generais se levantam
Mães ainda amam e pais ainda traem
A oração se repete a cada drama, e é esquecida a cada felicidade
As palavras de Deus são repetidas inúmeras vezes em templos iguais

Os papeis ainda são do mesmo material dos papiros
E as letras, códigos, hierogrifos e todo tipo de gravura se repete neles
Tudo ainda é igual, meu coração bate como de um neaderthal
O gelo ainda é frio como o fogo permanece quente

As mudanças ocorreram deixaram a madeira mais prata
Mas nada foi criado tudo foi copiado
Atrás da visão repetida de homem que se dizem criadores
Os amadores repetem as tais criações e as industrializam

Uma caixa cheia de produtos repetidos chegam via e-mail
O níquel vira papel, o papel vira plástico, mas homem ainda vale o que tem
Assim como o australapitecos que detinha a lança na mão
Ainda usamos roupas de algodão como meus pais

A musica ainda possui acordes de Dó à Si
Orfel tocou, Mozert e Bach e até um tal de MC Colibri
Ora, as horas se repetem todos os dias então o que mudou?
Vejo ainda doenças, pragas e insentos... Assim como Kafka imaginou

Mesmo sentando de frente a um computador ainda uso dedos para escrever
Me aponte, mesmo que com o dedo, o que mudou?
O mesmo dedo que aponta e critica desde a fogueira de Joana D’arc
Nas mãos que apertam umas as outras quando mentimos falando de paz

Cavalheiros, bruxas, fadas, rosas, água, terra, magia,
Estrelas e tudo que sua imaginação imaginar se repete
repete repete repete repete repete repete repete
repete repete repete repete repete repete repete

Mas a cada repetição, percebemos que ao menos um ponta foi lascada
Um fiapo foi deixado
Uma linha a mais foi riscada
Nenhuma repetição é 100% igual a outra

Pelo menos 1 bit se perde na rede
E é essa pequena perca da repetição
Que tudo se torna novo para os olhares mais atentos

Por isso pelos lugares que passares ame tudo, observe tudo, pois jamais passará pelo mesmo caminho com a mesma idade.

By Jonathan Cabo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009